Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver 2010
A abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver 2010, passou na TV a partir da meia noite de ontem, ou seja, pontualmente às 18h locais (0h de Brasília)…
Em tempos de “carnaval e feriadão” no Brasil, como marquei para ver este magnífico evento, fiquei imaginando quantos brasileiros como eu estariam em frente à TV nesta madrugada assistindo – à este espetáculo…
Percebi que na TV aberta, poucos minutos ou segundos são gastos para os Jogos de Inverno… Será que isso se deve ao Brasil ser um país essencialmente tropical??? Ou que esporte para nós é apenas futebol? Ou pior ainda, a visão de que nos dias de carnaval brasileiro não existe mais nade… nem nenhum evento acontecendo no mundo… quem ousaria dividir o brilho??
Esta reflexão, talvez seja apenas uma constatação de valores, ou uma dificuldade que vejo pelo fato da “informação popular” manter a “Cultura” – longe do povo.
O BC Place Stadium, no centro de Vancouver, com sua capacidade para 55 mil expectadores, completa, sendo um dos maiores estádios totalmente cobertos do mundo. Além de proteger os atletas do frio, o estádio apresenta alta tecnologia de luz, projeção, som e efeitos especiais, por si só já havia criado uma boa expectativa para esta cerimônia.
Enfim… O belíssimo espetáculo que contou com “uma nova estrela” – A LUZ COM ARTE E FORMAS – levando o público ao delírio com uma verdadeira “festa high tech”- foi também pautada por pausas silenciosas, discursos de condolências e bandeiras a meia haste, pela morte do atleta da Geórgia que ocorreu ontem em acidente, durante treinos.
Porém, o que me impressionou, ou que me tocou muito, foi a singeleza, o cuidado e a grande força em pautar todo o evento na forte presença de elementos culturais dos indígenas canadenses.
A contagem regressiva para o início da cerimônia foi feita pelo próprio público que, com placas iluminadas, agitou o BC Place. Depois da contagem, um telão projetou imagens de Vancouver, como se o público tivesse pegando uma carona em um avião, até mostrar o pico de uma das montanhas tomadas pelo branco da neve, onde estava um solitário snowboarder.
De lá, o atleta desceu toda a montanha, fazendo grandes manobras até cair no próprio BC Place, surgindo de uma espécie de palco e chegando, enfim, no centro do ginásio. “Bem-vindos”, disse o atleta, para delírio do público.
Com traje típico, a Polícia Montada entrou no ginásio carregando a bandeira do Canadá. Depois de erguida até o alto do mastro, a bandeira tremulou e o público ouviu o hino nacional canadense.
Depois disso, quatro totens de 12 m de altura foram erguidos no centro do ginásio, apresentando assim os povos aborígenes que deram origem à população canadense.
Após muita dança e música típica, as delegações começaram a entrar no local.
Após os gregos, as entradas das delegações foram feitas por ordem alfabética. Os brasileiros, comandados pela snowboarder Isabel Clark – que levou a bandeira -, entraram no ginásio e foram bastante aplaudidos pelo público.
Mas quem levantou os espectadores foi mesmo a delegação da Geórgia. Ao entrarem no BC Place, os atletas foram aplaudidos de pé pelo público e pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge. De luto e muito triste, a delegação estava com uma faixa preta no braço por conta da morte de Kumaritashvili. Depois do Uzbequistão, a delegação canadense fechou o desfile para delírio das 55 mil pessoas presentes no ginásio. Todos os atletas se locomoveram para a arquibancada, em um lugar específico para as delegações.
No auge da festa, com os atletas canadenses ainda se acomodando nas cadeiras, Nelly Furtado e Bryan Adams
De volta à parte cultural, a “neve” tomou conta do palco e uma fumaça branca saiu do canto do ginásio, junto com várias pessoas vestidas de branco. Papéis simbolizavam a neve caindo do céu e, com o silêncio do público que assistia a tudo, só se ouvia o barulho do vento reproduzido pelas caixas de som.
Depois disso, um jogo de luzes no chão e nas arquibancadas tomou conta do ginásio. Artistas e dançarinos subiram no palco e mostraram algumas qualidades canadenses, como a fauna e flora do país, em uma espécie de peça de teatro dividida em seis atos.
Os seis atos tiveram, além de muita “neve”, uma chuva de maple, folha canadense que simboliza o país e aparece na bandeira da nação. Outro momento de destaque foi o último ato dessa peça teatral. Um tecido foi suspenso no centro do ginásio, simbolizando uma montanha de gelo. De cima e pendurados com cabos de aço, desceram alguns snowboarders, unindo três características típicas do Canadá: a geografia, a cultura e o esporte de neve.
Com os “atletas” já no chão, esse tecido se transformou em um telão, que mostrou algumas imagens das outras 20 edições dos Jogos Olímpicos de Inverno. Depois disso, tomou a palavra o presidente do COI, Jacques Rogge, que, antes de dar início aos Jogos, lembrou da morte do atleta.
Como em todas as edições das Olimpíadas, o hino olímpico foi cantado e um minuto de silêncio foi respeitado pela tragédia com o atleta georgiano.
Com neve artificial, a chama olímpica então entrou no ginásio e foi acesa a tocha olímpica diante de 60 mil pessoas e cerca de 3 bilhões de telespectadores.
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